Saudades
da minha infância
Nos
caminhos ínvios onde a amizade pisa
Ouço o redobro de orquestras dos grilos,
Que afasta o medo que às vez me dá preguiça,
Escondido nas folhas soltas, arrepiando pêlos.
Sol
alto, a terra escaldante, pés no chão,
Um constante vibrar de cordas indefinidas
Que acaricia o fundo inorgânico d'alma
Que entre pedras ou matagal roçam a emoção
Os
pés, cansados, a pisar o solo infecundo
Triste de chorar magmas nos ninhos
Carrego hoje a cruz sobre minhas dores
Que acordam as saudades pelos caminhos.
Com
uma flama oriunda acesa no peito
O eco das nossas vozes nas ribeiras
Actuando como ponta da faca sobre lajes
Cortando nossos fundos orgânicos às raízes.
Braços
cansados arrancando ervas
A orquestra dos grilos, emocionante
Caminhos que erguem espectros gigantes
Sons metálicos e incómodos de enxadas
Ao
largo o sussurro do vento nos galhos
Dum tamarindo, cujos frutos suculentos
Quantas vezes me trazem arrepio à boca
Nos seus amplos e frondosos agasalhos.